quinta-feira, 30 de junho de 2016

Confiar em Deus...



Já aqui vos falei que tive um problema grave de saúde. Quando tudo aconteceu pensei, mesmo, que ia morrer. Recusei que chamassem uma ambulância. É que -não se riam, o assunto é sério- tenho fobia de hospitais (só enquanto utente, não enquanto local de trabalho).

Foi num hospital que morreu o meu avô e foi a caminho de um hospital que morreu a minha avó. Portanto, pensei, se me mantiver longe dum hospital tudo vai correr bem. Na altura ninguém pensou que o assunto fosse tão grave e não fui para o hospital. graças a Deus correu tudo bem.

Se não tivesse corrido bem, calculo que viriam os remorsos e que questionariam a sua decisão para sempre, mas ninguém pensou que fosse tão grave. É que os ses da vida podem ser devastadores.

No último dia de vida do meu avô, levei-o para o hospital. ele não queria ir. pediu-me por favor para não ir. mas eu levei-o. achei que era o melhor. Quando a médica me disse que ele tinha de ficar internado não sabia o que fazer e perguntei-lhe: - o que é que eu faço? A médica respondeu-me: se fosse meu pai deixava-o cá. Eu deixei-o. achei que era o melhor. As últimas palavras que ouvi do meu avô foram "Neta querida, por favor não me deixes aqui". Nunca mais o vi vivo. nunca mais ouvi uma palavra dele. mas sei que morreu a chamar por mim. a enfermeira que me telefonou a informar que o meu avô tinha morrido disse-me que morreu a chamar por mim. Eu tinha 18 anos.

Carreguei essa culpa durante muitos anos. Porque é que o levei para o hospital? Porque é que o deixei no hospital? Se não o tivesse levado... se calhar...

Hoje sei que fiz o melhor que pude... aconselhei-me com quem sabia melhor que eu e decidi. Nada do que eu fizesse podia evitar o fim. Sei que se o tivesse trazido para casa nunca me perdoaria.  Por vezes as decisões são assim, só podemos esperar que corra tudo pelo melhor e confiar em Deus.


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